sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

1ª CRIAÇÃO DE DOGMA 12 NOMEADA PARA PRÉMIO



Criação de DOGMA 12 Nomeada para Prémio


TRÊS MULHERES
EM TORNO DE UM PIANO



NOMEAÇÃO NA CATEGORIA: MELHOR TEXTO PORTUGUÊS REPRESENTADO EM 2012
PRÉMIOS SPA
Sociedade Portuguesa de Autores



Estreada em Julho de 2012 no Teatro da Comuna, “Três Mulheres Em Torno de Um Piano” foi a 1ª criação de Dogma 12 (constituído em 17 de Fevereiro de 2012) e fica logo assinalada pela nomeação para os Prémios da SPA, na categoria de Melhor Texto Português Representado em 2012. Trata-se de um estímulo, cujo significado se encontra ampliado não só por ser a 1ª criação deste novo projecto, mas também porque no seu Manifesto Fundador, nos 12 dogmas enunciados, o nº 11 reza assim: “o reportório aqui abrange exclusivamente textos originalmente escritos em língua portuguesa: como afirmação identitária; não expressão xenófoba.”.
 "Três mulheres em torno de um piano" é acompanhado na nomeação  por "Chão d´água" de João Monge e "Três dedos abaixo do joelho" de Tiago Rodrigues.
“Três Mulheres em Torno de Um Piano” integra uma trilogia (Jogo de Espelhos), a que pertencem os textos “2084: o Triunfo dos Novo Porcos” e “Hotel Bielderberg” (este proposto a concurso à DGArtes, para ser estreado na Sala-Estúdio do Teatro da Trindade em 31 de Outubro próximo, na altura da reabertura do espaço agora encerrado para obras). Ambos incluirão uma edição da Editora “Letras & Coisas”, prevista para 22 de Abril, com o “Teatro (In)Completo” de Castro Guedes (peças e teatralizações), assinalando os 40 anos de carreira profissional do Director Artístico de Dogma 12.
A escolha final de entre os textos nomeados será divulgada na Grande Gala da SPA no dia 25 de Fevereiro no Centro Cultural de Belém.






O destino da produção do “Hotel Bielderberg” será conhecido aquando da decisão da DGArtes/SEC para os apoios às artes, com anúncio previsto para 21 de Março.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O TEATRO DA CONSCIÊNCIA



UMA RESPOSTA À CONTEMPORANEIDADE

Na categoria muito ampla de um teatro político, no sentido de reflectir sobre a vida em comunidade, optei por aquilo a que chamo teatro da consciência. Trata-se de um teatro que procura responder à crise civilizacional conducente a outras crises: económicas, políticas (no sentido mais stricto sensu), éticas, religiosas, existenciais, psicológicas ou o que seja. Um teatro que procura dirigir-se ao homem numa visão de certa forma holística e nos limites de uma cosmogonia ético-comportamental. Um teatro que nos defronte perante nós mesmos e cada um por si, em pleno uso do seu livre arbítrio de escolhas comportamentais, de relação e modelos sociais. Não se trata em tempo algum de um teatro de natureza doutrinária, seja na forma da catequização, seja na panegírica; e muito menos de intervenção em agit-prop.
Como o disse Almada Negreiros, “Quando eu nasci as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa – salvar a humanidade”. E foram essas frases já escritas, o erro trágico dos totalitarismos no século XX, ao quererem impor o modelo tomado por bom, como unívoco e certeiro, coartando a consciência individual dos cidadãos, o que, por natureza humana até, o recusariam sempre liminarmente, mesmo se algum deles fosse o melhor. Nem falo de práticas, no que resultaram e implicavam, mas mesmo da construção ideada das utopias. E a resposta das democracias foi outro embuste, revelando-as não só igualmente totalitárias no limite actual do sentido único dos seus modelos socioeconómicos (uma contradição insanável no próprio bojo, que as faz caminhar para autoritarismos de tipo novo), como, mesmo se respeitada no seu sentido arquetípico e literal, a escolha pelas maiorias torna-se em ditaduras de quantidade e não numa sociedade de qualidade. Pior ainda porque essas quantidades são manipuladas por novos métodos de perversidade nunca vista, recorrendo frequentemente e conscientemente à passagem de mensagens subliminares e/ou à exibição de produtos entorpecedores da consciência através da destruição objectiva de neurónios (fisicamente e não em sentido figurado apenas) e do embotamento da parte límbica do cérebro. Ou, dito de outra maneira filosófica e religiosa: mataram alma e espírito E se os totalitarismos consagraram em lei o cânone único, as democracias repetiram-no na prática de um mainstream (em variantes populares e para intelectuais), fora do qual é impossível - ou quase – a criação artística. Será muito diferente?
Então o que falha aqui? Como se podem alertar e libertar da letargia pessoas (que são muito mais do que cidadãos ou indivíduos, membros de classe social ou tipos de personalidade) para, no sonho marivaudiano de uma sociedade melhorada pelo exemplo, “corrigirem seus defeitos”? Ou fazer com que, em última análise, o pensamento de Ghandi “sê a mudança que queres ver nos outros” possa transportar-se na obra sem que se perca no éter do Século XIX?
Julgo que não é a apontar caminhos do alto do pedestal de um palco, nem com combinações interactivas de exorcismo vazio de resultado. Defendo – sem renegar os contributos das escolas não-aristotélicas ou mesmo anti-aristotélicas – o regresso a uma catarse de tipo novo, que, não tanto pela compaixão de identidade intimide, mas pela possibilidade de pelas personagens (compósitas e não tipificadas à velha maneira do cínico e da ingénua, do herói positivo e herói negativo, do protagonista e antagonista) com seus próprios paradoxos ou contradições, mergulhar na consciência individual cada um por si e para si, revendo-se criticamente, pelos preceitos aristotélicos, mas reordenados em pathos-logos-ethos para chegar a ethos-logos-pathos. É um teatro da consciência e não de “consciencialização”, porque esta palavra pressupõe, mais do que a tomada de consciência (num sentido psicanalítico), a adesão à doutrina ou ponto de vista do que discursa, tornando-se, em si, forma-outra de alienação da consciência em si. Este teatro propõe um jogo de espelhos, no sentido central da questão levantada por Rudof Laban, que lhe nega a natureza de “uma instituição para fazer um julgamento moral”, mas antes “para despertar (…) a responsabilidade pessoal e a liberdade de acção”.
Com o perigo de não agradar nem a gregos, nem a troianos, cristalizados nas suas formas e fórmulas, assume-se na negação quer da art engagée, quer da ars gratia artis, contraposição que não me faz sequer sentido. Porque o papel da arte é sempre “pela arte” e sempre “comprometida” com a consciência do artista, esteja a falar do que esteja. A arte – de formas diversas, muito visível nas artes cénicas pelo imediatismo comunicacional – é, ou deve ser para ser, mais um lugar de inquietação do que de afirmação, de pergunta do que de resposta, de provocação (de consciências num divã freudiano comunitário) do que de comícios ou afrontamentos gratuitos (num divã de promiscuidades individuais arrogantes).
O teatro da consciência propõe-se substituir, actuando de acordo com a contemporaneidade, as vanguardas de ontem, que se tornaram em modelos amorfos e integrados; e que, à mistura com uma pós-modernidade – serôdia e deturpada do seu sentido inicial, muitíssimo afastada da sua mãe modernidade - é bolor e ranço do entretenimento digestivo pseudo-intelectual. No teatro da consciência não se quer cânone estético, mas sim uma mudança de abordagem e relação criação/público. Nele cabem estéticas diferenciadas entre si, mas convergentes num conjunto de paradigmas sobre o que o teatro é; e, apesar de ser vanguarda nova, retoma muito do que as vanguardas antigas deitaram fora com a água do banho: o bebé…


Castro Guedes,
Director Artístico de Dogma 12
In “As Artes Entre As Letras” de 15/01/2013

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A SEMÂNTICA, NO TEATRO TAMBÉM, NUNCA É ASSÉPTICA, MEUS AMIGOS!


A SEMÂNTICA, NO TEATRO TAMBÉM,
NUNCA É ASSÉPTICA, MEUS AMIGOS!

Dogma 12 é um projecto teatral que se afirma a si mesmo “uma singularidade na pluralidade que se deseja” e o seu Manifesto Fundador e demais informação, incluindo a actual apresentação, em Lisboa, da peça “Três Mulheres em Torno de Um Piano”, pode ser encontrada em http://estudiodogma12.blogspot.pt/ … Mas as “singularidades” estendem-se ao léxico preferido, o qual, se prolonga para lá de Dogma 12 e me pareceu útil trazer a estas páginas como “produtos” de pensamento e reflexão sobre o que o teatro é para nós, desejando mesmo que outros haja. Mas não nos furtamos ao utilíssimo confronto de ideias trocado pela claudicação em consensos estagnados. No fundo a semântica - isso sim, em afirmação dogmática universal - nunca é asséptica.
Espectáculo é tudo quanto envolve exibição, normalmente ligada ao sentido imediato e redutor da impressão visual dos sentidos, não tendo de possuir substância, seja de forma ou conteúdo. Logo, preferimos, por exemplo: peça (uma designação simples, mas não suficiente, porque para lá do texto, o objecto artístico completa-se em outras disciplinas); opus (talvez o termo mais querido, desde logo ligando o conceito à erudição do gosto e composição, e prevendo uma continuidade no conjunto de obras, acrescentando-lhe, por isso, um número à frente, como na música); ou obra (sua tradução); ou completando como obra artística; ou, fora de um âmbito de apresentação, mas em referência à coisa em si: objecto artístico. Também numa designação mais prática e directa, ao nível da difusão da obra, criação ou produção. A primeira ligada ao conceito do eixo da concepção, a segunda à sua concretização.
Assim, também em vez de espectadores usamos a designação mais abrangente de público, embora sabendo que este não é uma entidade única e pode haver e há, com mais rigor, públicos e não público, se a questão se transporta para um âmbito sociológico de caracterizações sistémicas. Mas o conjunto de pessoas presentes numa sessão constitui, indistintamente, “o público dessa mesma sessão”: mesmo que composto por pessoas de diferentes públicos, na asserção anterior. Mas também a expressão mais simples e tradicional de plateia (no sentido metafórico, que engloba os que estejam no balcão, camarotes ou dispostos em anfiteatro ou “en ronde”) merece-nos aceitação, porque adopta uma designação genérica comum em várias línguas e latitudes, com ampla significação mais simbólica do que ideo-signica. Ou ainda o termo de assistentes, tal como público pode ser substituído por assistência. (Já voltaremos a certas reservas que podem a estes dois últimos ser colocadas).
Porém se falarmos a um nível de materialidade meta-momento e nos debruçarmos mais sobre estas pessoas como realidade permanente de natureza socioeconómica, clientes ou consumidores em arte não há de todo. Aí já nem se trata de uma preferência, mas de uma incorrecção absoluta (na própria “pluralidade”) e representa o ruído ideológico de uma concepção económica e social de organização de um tipo específico do capitalismo. A obra de arte é destinada a fruidores, usufrutuários ou receptores (embora este termo seja ou possa ser, em determinados casos performativos insuficiente por passivo, como assistência, mas nos nossos dogmas tal problema não se põe, porque não consideramos no nosso teatro a primordialidade de interacção física entre os termos estruturalistas de emissor e receptor). Clientes e consumidores podem ser, realmente os de espectáculos no sentido em que o declinamos logo no início. Em arte ganha-se, recolhe-se, aumenta-se; não se consome, gasta ou usa.
Entretanto, continuando, para indicar quem realiza o objecto, preterimos Ficha do Espectáculo além da questão da recusa da palavra espectáculo, por dividir os oficiais da obra em Ficha Artística e Ficha Técnica distinguindo de forma classista (e não incluindo sequer a totalidade) as diferentes formas de participação que tornam possível e realizam a criação/produção. Assim, a opção por Ficha de Trabalho, mais abrangente e reconhecendo a importância da incorporação do trabalho em arte, parte maioritária (esquecida) da sua construção, mesmo que a mais pequena, a do talento seja complemento indispensável.
Termos técnicos generalizados como bastidores, camarins, caixa de palco, porta da caixa (não tanto entrada dos artistas), cabine de som e luz, teia, maquinaria… Ou mesmo da designação de ofícios específicos como actor, dramaturgo, dramatólogo (retirado do léxico brasileiro: o que estuda e não o que escreve o texto), operador de luz, cenarista (a recuperação etimológica do termo referente ao que concebe o cenário) e cenógrafo (o que o executa ou coordena essa execução), encenador, etc… não carecem de outras designações, mesmo em casos que se poderiam justificar se se “escavasse até ao fundo”; mesmo pano, ovação e assim aceitam-se sem mais. Uma coisa é a afirmação identitária da singularidade, outra seria um preciosismo ou perfeccionismo que valorizaria excessivamente a forma num labirinto morfológico, quando se trata de uma sintaxe de caminhos. Contudo a ideia de autor por dramaturgo é recusada liminarmente, uma vez que não só são múltiplas as autorias (e entre estas, hoje, no resultado final até prevalece a do encenador sobre o dramaturgo) como remete para uma visão recessiva romântica (serôdia) e uma universalidade de estrelato, que se recusa igualmente a todos e cada um dos autores e fazedores ou fazedores/autores e autores/fazedores.
Embora se pudesse prolongar ainda muito este artigo, porque o “osso da questão” já parece clarificado, acrescenta-se apenas que gostamos mais de valorizar, na análise dos resultados, conceitos como eficácia ou eficiência em vez de sucesso ou êxito. De resto – atenção! - em processo de criação e mesmo em certos aspectos de apresentação pública não confundimos, antes afirmamos, a indispensabilidade de conceitos tais como hierarquias e direcções, competências e graus de experiências, mérito e reconhecimento. A recusa de certo vocabulário é de natureza estética e ideológica, não de irresponsabilidade ignorante na negação de diferenças ou incompreensível opções de basismos ou igualitarismos grosseiros que conduzem inevitavelmente à destruição da exigência artística. No nosso trabalho, aliás, valorizamos a disciplina e sobretudo a autodisciplina, o rigor da execução e a humildade na aprendizagem.
Castro Guedes
Director Artístico de Dogma 12
Publicado no quinzenário “As Artes Entre As Letras”

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

“HOTEL BILDERBERG” Um Desconcerto Dramático em Dó Maior


“HOTEL BILDERBERG”
Um Desconcerto Dramático em Dó Maior


http://www.facebook.com/estudiodogma12

SINOPSE

No Hotel Bilderberg - onde se realizou em 1954, curiosamente, ideia partida de um polaco, a primeira reunião do grupo informal de financeiros, políticos, jornalistas, intelectuais, cientistas, vindos de diversos países… que reúne anualmente para discutir a situação sócio-económica e adoptar medidas de orientação para os tempos seguintes, nada ficando escrito em acta, o que adensa uma nuvem de “desconfiança” e “teorias da conspiração” sobre o que passou a ser este famoso “Clube Bilderberg” – encontram-se, em 2004, dois clientes: ela é uma pianista polaca que vai actuar dali a dois dias num concerto em Maastricht, comemorativo da entrada do seu país na União Europeia, e um grande industrial farmacêutico, ali levado por negócios.
O facto de um ser alemão e a outra polaca não facilita a comunicação, dada as más relações seculares ente os seus países e especialmente próxima na 2ª Grande Guerra. Mas vai unindo-os a recordação de repúdio do totalitarismo comunista (ele é oriundo da ex-RDA) e os jogos de sedução-provocação entre um e outro… Mas é um segredo que acaba por ser partilhado entre outras confissões de percursos dolorosos de vida dos dois.
Uma criadita argentina é pouco mais do que uma serviçal, com sonhos quase pueris para um regresso à sua aldeia na Patagónia. Mas não deixa, afinal, de ser um ser humano e nos fazer dar-lhe alguma atenção.
Esta será a criação de Dogma 12 se, apesar do seu carácter político, mas muito crítico, de um “teatro da consciência “ não panegírico, nem de catequese ou “caminhos apontados”… for aprovado no Concurso de Financiamento à Artes da Direcção-Geral das Artes.

EM BREVE MAIS NOVIDADES SOBRE O ASSUNTO, AQUI, MAS ANTES, A SEGUIR, TEXTO SOBRE O “TEATRO DA CONSCIÊNCIA”.