sábado, 26 de abril de 2014

CONSIGO CONSEGUIMOS


DE CUNHO POLÍTICO ASSUMIDO, NO SENTIDO NOBRE E NÃO COMICIEIRO OU PARTIDÁRIO, REVEMO-NOS EM LORCA QUANDO DIZ QUE “UM POVO QUE NÃO AMA E CUIDA DO SEU TEARO, SE NÃO ESTÁ MORTO, ESTÁ MORIBUNDO”, MAS VÊ COM A MESMA CONVICÇÃO AO ESPELHO QUE “UM TEATRO QUE NÃO AMA E CUIDA DOS PROBLEMAS DO POVO A QUE PERTENCE, SE NÃO ESTÁ MORTO, ESTÁ MORIBUNDO”. E PARA O FAZERMOS SEM TRANSIGÊNCIAS NEM CEDÊNCIAS, SABEMOS QUE O MOMENTO EXIGE UMA TOTAL INDEPENDÊNCIA DO PODER POLÍTICO E DO RÓPRIO SISTEMA. SÓ O TEMOS A SI E AOS MAIS QUE EM NÓS ACREDITAM PARA PROSSEGUIR. AO LADO DA INDOMÁVEL VONTADE DO TRABALHO VOLUNTARIO, MILITANTE MESMO, QUE DESEMPENHAMOS NUM NÚCLEO ALARGADO DE AMIGOS COM DETERMINAÇÃO, CORAGEM E AMOR PELA VERDADE.
ASSIM, VAMOS REALIZAR UMA ACÇÃO DE CROWDFUNDING, A ESTAR ON-LINE MUITO EM BREVE. E EM QUE AS CONTRAPARTIDAS, POR SI, SÃO TAMBÉM UM ESTÍMULO PARA QUEM QUEIRA DA COMPARTICIPAÇÃO PODER RECEBER ALGO EM TROCA… MAIS VALIOSO DO QUE O PRÓPRIO VALOR DESSA COMPARTICIPAÇÃO. DE 12 A 600 EUROS HÁ RETORNO PARA TODOS:

6 € - 1 Passaporte de Associado + 1 Senha de Presença para a peça "Três Mulheres Em Torno de Um Piano". *Os sócios Dogma\12 podem optar, no lugar do Passaporte, por um Cachecol Dogma\12 personalizado

12 € - 2 Passaportes de Associados + 2 Senhas de Presença para a peça "Três Mulheres em Torno de um Piano" + 1 Saco de Ombro*
*Limitado a um stock de 150
**Os sócios Dogma\12 podem optar, no lugar do Passaporte, por um Cachecol Dogma\12 personalizado

 
24 € - 1 Passaporte de Grupo + 4 Senhas de Presença para a peça "Três Mulheres em Torno de um Piano + Caderno nº01 (Contém peça na íntegra e informação sobre Dogma\12)*

*Limitado a um stock de 100

**Os sócios Dogma\12 podem optar, no lugar do Passaporte de Grupo, por um Cachecol Dogma\12 personalizado

 
36 € - 1 Passaporte de Grupo + 4 Senhas de Presença para a peça "Três Mulheres Em Torno de Um Piano" + 1 Peça de Cerâmica de Edição Única e Limitada

Mosaico 20x20cm:
Nuno Henriques Morais

*Limitado a um stock de 75

**Os sócios Dogma\12 podem optar, no lugar do Passaporte de Grupo, por um Cachecol Dogma\12 personalizado

 
180 € - 1 Passaporte de Grupo + 4 Senhas de Presença para a peça "Três Mulheres Em Torno de Um Piano" +  1 Desenho Original de um dos seguintes artistas:
André Letria
António Jorge Gonçalves
Armando Alves
Evelina Oliveira
Fernando Filipe
Henrique Nande
João Baieta
José Rodrigues
Manuela Bronze
Rui Anchory

(Stock limitado a 10 desenhos. Desenho escolhido em catálogo por data de contribuição)

 
360 € - 1Passaporte de Grupo + 4 Senhas de Presença para a peça "Três Mulheres Em Torno de Um Piano" + 1 Peça Artística de Edição Limitada + Quadro Original

Combinações (escolhidas por catálogo):
Peça Artística - Henrique Silva + Quadro Original - Rute González
Peça Artística - Armanda Passos + Quadro Original - Júlio César
Peça Artística - Carlos Reis + Quadro Original - Mariana Sampaio
Peça Artística - José Rodrigues + Quadro Original - Arnaldo
Peça Artística - Siza Viera + Quadro Original - Acácio Carvalho

*Os sócios Dogma\12 podem optar, no lugar do Passaporte de Grupo, por um Cachecol Dogma\12 personalizado

 
600 € - 1 Passaporte de Grupo + 4 Senhas de Presença para a peça "Três Mulheres Em Torno de Um Piano" + 7 Cartões Originais (6 Figurinos + 1 Maquete) OU 1 Escultura

Figurinos:
Abílio Matos Silva
Fernando Filipe
Helena Reis
Juan Soutullo
Mário Alberto
Pinto de Campos

Maquete:
António Casimiro

Escultura:
José Rodrigues

*Os sócios Dogma\12 podem optar, no lugar do Passaporte de Grupo, por um Cachecol Dogma\12 personalizado

*Para saber o que são os Passaportes e os Associados Colaboradores, e as Senhas de Presença (correspondente a bilhetes) consulte janela deste Blog ou http://dogma12estudio.wix.com/dogma12#!associados/c1hbz , onde se define em pormenor.
Para ver mais sobre “TRÊS MULHERES EM TORNO DE UM PIANO” veja fotos ao lado ou consulte o histórico deste Blog entre Abril e Dezembro de 2012.
Para conhecer o nome dos artistas consulte http://estudiodogma12.blogspot.pt/p/cr.html

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Hoje é o dia…

10252036_770413422969257_519711733190146560_n

Hoje é o dia , em que celebrando os 40 anos de Abril, temos que afirmar que continuaremos a lutar para que se não percam as conquistas que com Abril conquistámos! Viva o 25 Abril!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

O 25 DE ABRIL COMEÇA HOJE À NOITE

71466_489368731189043_1755973424000405349_n

OS RIOS QUE NASCEM ESTA NOITE EM DIRECÇÃO AO CARMO E SE DESEJA QUE TRANSBORDEM À CHEGADA DOS MILITARES DE ABRIL NA MANHÃ DE AMANHÃ, EXIGEM A NOSSA PRESENÇA. NÃO SE TRATA APENAS DE UM DEVER DE CIDADANIA. É UM ACTO DE AFIRMAÇÃO ARTÍSTICA E ESTÉTICA NA PROCURA DO BELO. PORQUE NUM PAÍS DE TANTO DESEMPREGO, DE PENSÕES DE MISÉRIA, DE EMIGRAÇÃO JOVEM EM MASSA, DE DIFICULDADES DE ACESSO AO MAIS ELEMENTAR DIRETO À VIDA E AO CONHECIMENTO, SÓ HÁ HORROR. CRIAR O BELO É, EM MOMENTO TÃO GRAVE COMO ESTE, DAR UM GRITO QUE LEVANTE MAIS GRITOS PARA UM ABRIL DE NOVO.

DOGMA 12 PROCURA FAZÊ-LO E QUER ESTAR EM COMUNHÃO NO PALCO DA VIDA, HOJE À NOITE E AMANHÃ. A ARTE NÃO É ASSÉPTICA E INDIFERENTE ÀS CHAGAS SOCIAIS. QUANDO SE FAZ CEGA E AUTOCENTRADA “PECA” POR OMISSÃO.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

FALTAM DOIS DIAS PARA O 25 DE ABRIL

 

Fragata

UM TEATRO QUE VIRE AS COSTAS AOS PROBLEMAS DO SEU POVO E NÃO QUESTIONE UM TEMPO NEGRO COMO O QUE HOJE VIVEMOS PODE CUMPRIR-SE ENQUANTO SENSIBILIDADE, TALVEZ. MAS MOSTRA GRANDE INSENSIBIIDADE PERANTE ESTA HORA DE TRAGÉDIA EM QUE PORTUGAL MERGULHOU.

ACOMPANHAR OS RIOS QUE VÃO DAR AO CARMO E ESTAR PRESENTE DE MANHÃ COM OS CAPITÃES DE ABRIL NO MESMO LUGAR ÀS 11H00, NÃO É UM ACTO DE MERA POLÍTICA. É UM GRITO DE ALMA DE QUALQUER ARTISTA QUE ENQUANTO TAL SE REALIZE E QUEIRA REALIZAR UMA ARTE DIRIGIDA PARA OS VALORES HUMANOS. DOGMA 12 NÃO VIRA AS COSTAS À LUTA, NEM FAZ DA LUTA DA CULTURA, MUITO MENOS DA SUA EM PARTICULAR, UMA CAUSA EM SI. INTEGRA A MAIS AMPLA LUTA PELA SOBERANIA NACIONAL, A DIGNIDADE DA VIDA E A LIBERDADE QUE TAMBÉM JÁ COMEÇA A SER POSTA EM PERIGO.

terça-feira, 22 de abril de 2014

FALTAM 3 DIAS PARA O 25 DE ABRIL

 

images_noticias.abril_artes02bnsp-322

A ARTE DEVE SER UMA SETA DISPARADA AO CORAÇÃO E À CONSCIÊNCIA DE CADA UM. DEMAIS A MAIS NUM TEMPO EM QUE OUTROS “ARTISTAS” LIQUIDAM (OU QUEREM LIQUIDAR) A SENSIBILIDADE DE CADA UM E A CONSCIÊNCIA COLECTIVA DE UM POVO.

DOGMA 12 NÃO SE DESRESPONSABILIZA DE TER INTERVENÇÃO ACTIVA NA VIDA DA CIDADANIA AMEAÇADA DOS PORTUGUESES. POR ISSO ESTARÁ NA NOITE DE 24 PRESENTE NA JORNADA DE LUTA “TODOS OS RIOS VÃO DAR AO CARMO”. QUEM QUISER VIR CONNOSCO, JUNTA-SE-NOS NO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL, DE ONDE PARTEM MAIS RIOS TAMBÉM; ÀS 21H00… PARA DARMOS UM ABRAÇO DA CULTURA A ABRIL.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

A “desafiar o impossível” porque CONSIGO CONSEGUIMOS!

2012_07_02_127
21 Meses Passados Sobre a 1ª Criação de Dogma 12... E 1+2 ou 2+1=3... Estamos a 3 meses do 2º aniversário para voltar com 3 ... ("Três Mulheres Em Torno de Um Piano" a cena.  Agora no Teatro da Barraca, se nos ajudar a continuar a "desafiar o impossível” porque CONSIGO CONSEGUIMOS. E para podermos contar consigo, e, como já aqui anunciámos, vamos a partir de 22 deste mês desenvolver em online uma  acção de financiamento colectivo (crowdfunding) que consiste na obtenção de capital para continuarmos com o nosso projecto. A nossa acção de crowdfunding terá contrapartidas em escala proporcional ao valor da comparticipação concedida.  Brevemente, deixaremos aqui mais informação relacionada com esta acção, tais como o valor mínimo e máximo da comparticipação e as respectivas contrapartidas.

domingo, 13 de abril de 2014

CONSIGO CONSEGUIMOS

conseguimos
 
Dogma 12 vai lançar muito em breve uma acção de crowdfunding…

O QUE É O CROWDFUNDING?
Crowdfunding (ou financiamento colaborativo) é uma forma simples e transparente de angariação de fundos para um projecto através de uma comunidade online que partilha os mesmos interesses.
E VAI DOGMA 12 FAZER? PARA QUÊ?
Sim, Dogma 12 aposta muito na criação de redes solidárias ou de convergências de interesses que permitem potenciar sinergias e contrariar situação e recuo (e abandono premeditado) das artes e da cultura ao nível dos poderes políticos e mesmo outros institucionais. Nesse sentido decidiu lançar mão de uma operação de crowfunding, à semelhança da OPD realizada http://estudiodogma12.blogspot.pt/search?updated-max=2013-08-01T00:01:00%2B01:00&max-results=5&start=30&by-date=false, que lhe permitiu montar e apresentar “Hotel Bilderberg”.
Para viabilizar a sua actividade até final do ano, ao mesmo tempo que, acompanhando-o com outras acções, através dos GAP (em breve informação sobre o assunto), aproximando a sua actividade da fusão com os que connosco já o fazem como militância cultural.
E QUE OFERECEMOS EM TROCA?
Além dos próprios bilhetes e passaportes para se ser associado colaborador http://estudiodogma12.blogspot.pt/p/blog-page_23.html conforme os patamares, que começam em 12 euros, ir-se-ão encontrando outras coisas: o livro com o texto da peça, um azulejo original de edição limitada, desenhos de vários artistas plásticos, quadros, uma escultura, uma preciosíssima colecção de figurinos… Algumas coisas que por si valem 3 e 4 ou mais vezes o valor porque podem ser aqui obtidas!
É! ATÉ PARECE QUE AFINAL É DOGMA 12 A FINANCIAR OS OUTROS!...
Mas não é. O que é, à semelhança e na continuidade da já referida OPD, é que há cadeias de solidariedade de artistas e amigos que, estes sim, são os mecenas maiores, provindos maioritariamente de outros campos da criação artística. É um combate sem tréguas pela beleza e a verdade porque o poder teme a arte.
PARECE QUIXOTESCO… MAS QUEM NÃO OUSA, NÃO VENCE!
A atestá-lo está todo o nosso histórico, visite o nosso site, http://dogma12estudio.wix.com/dogma12, e clique no separador Dogma\12, o apoio deste governo (nem de qualquer outro, porque Dogma 12 quando nasceu já era este), mas o calor humano de todas e todos que aqui trabalham – sejam artistas ou membros dos GAP – e da mesma massa de muitos outros que nos dão a mão. Se realmente na nossa divisa inscrevemos um desígnio, “a desafiar o impossível “, temos ganho a maior parte desses desafios, porque CONSIGO CONSEGUIMOS.













sexta-feira, 4 de abril de 2014

A propósito do Dia Mundial do Teatro, da teatralidade da mentira

O que para o próprio teatro hoje está prioritariamente em causa não são as suas dificuldades materiais para que se realize em arte, o que ao preço de mercado se tornaria insustentável para a esmagadora maioria da população; nem a redução de postos de trabalho em si, nem tão pouco o consequente decaimento de qualidades, aptidões e competências. Se nos descentrarmos do teatro como coisa em si – onde tudo isto é verdade e verdade altamente preocupante, desde logo porque sinal de uma civilização a desfazer-se da beleza, da sensibilidade e do próprio pensamento em comunhão – é estonteante a teatralidade perversa da mentira, da ocultação e da alienação, presente em actos como a da transmissão de guerras em directo, de desastres naturais como núcleo de atenção até à última gota de sangue ou mesmo o debate (político, mas não só) que se conclui nessa mesma perversidade e não na substância das coisas.

clip_image001[4]clip_image002[4]

Enquanto o teatro na Grécia Antiga começa na sacralização de divindade, estoutra teatralidade do quotidiano actual não serve nem à expressão religiosa, nem ao despertar dos sentidos, nem à aprendizagem do gosto, nem ao apelo ao sentimento, nem à reflexão do pensamento, nem tão pouco ao despoletar das emoções. Desumaniza o Homem, torna absurdo o dia-a-dia, faz perder de sentido o caminho na História e “mata” Deus ou qualquer outra ideia superior à mera troca material, validando tudo: desde a reescravização ordeira dos semelhantes ao totalitarismo de ideia única num império das finanças, um chefe de produtos tóxicos, um povo de miseráveis.

De par, a teatralização de um paraíso na Terra, trazido pela abundância, de que o capitalismo, e só o capitalismo, poderia trazer para justificar a acumulação de riquezas excessivas concentradas em grupos restritos, fez o espectador acreditar que o consumo se podia realizar em progressão geométrica com créditos, para lhe serem, agora, cobrados com garrote em nome de uma outra teatralização: a “crise”, personagem patética do negócio puro e simples da especulação.

Débord, como um visionário, previu a sociedade do espectáculo, caracterizando-o pela re-inversão do sentido das coisas e das palavras, fazendo do Mundo um palco de atracções, fetiches e ilusões. E a questão central que se coloca ao teatro hoje é o do seu papel e da sua própria existência ou sentido, quando a realidade passou a ser virtual, o virtual a realidade, o jogo teatral a verdade, a verdade um mero jogo teatral. Que pode e para que serve o teatro numa vida que é por si mesma prenhe de teatralidade? O Ser Humano transformado em avatar de si mesmo, qual excelente imagem metafórica do “Matrix” original (as sequelas são já parte integrante do consumo teatralizado da sociedade do espectáculo; uma traição a si mesmo), descarta-se de consciência e responsabilidade, transfere para o avatar (personagem) a sua indiferença, individualismo exacerbado, crueldade da indiferença.

clip_image004[4]clip_image006[5]

Pode o teatro (ainda) contrariar esta sua proxenitização na rua? E quem o quer fazer com coragem bastante para afrontar a teatralidade teatralizada em que TODOS vivemos, sob a forma de marionetas manipuladas por uma escassíssima minoria de autores-encenadores de uma tragédia que não permite a catarse sequer. Penso que não só pode e deve, por responsabilidade social e mesmo artística, mas que é mesmo o único caminho que lhe resta se quer sobreviver com uma capacidade mínima de se redescobrir, diferenciando-se dessa outra teatralidade, que o conduziria (ou conduzirá) à morte, quanto mais não seja porque é à morte do que resta humano e grande parte da Humanidade para ela se encaminha neste jogo teatral da hipocrisia e cinismo dos detentores, acumulado até à esquizofrenia, do dinheiro e do poder. Todavia, a ser assim, ainda cumpre, no hara-kiri, a sua essencialidade da mais humana de todas as artes, no sentido de ser momento vivo de homens a fazer de homens-outros na presença de outros homens.

clip_image008[4] clip_image010[4]

Porém, o que infelizmente parece acontecer, é a cedência do seu espaço próprio a essa banalização da arte, quer enquanto substituída pelo entretinimento pérfido de imbecilização, mesmo a nível neuronal, quer quando espalhada como coisa acessível a conceptualismos sem substância e/ou, sobretudo, sem trabalho incorporado e especialização técnica: como todos fomos feitos actores-fantoches na vida vivida, a contaminação do conceito para o teatro como arte mata o actor para dar lugar ao fantoche-actor. A não se re-re-inverter esta tendência da sociedade do espectáculo na própria assunção de um teatro de combate a esta mesma teatralização do teatro, destruindo-o como obra para o transformar em utensílio, o teatro torna-se uma inutilidade, embora permanecendo nisso também, fiel à sua íntima ligação à pessoa humana, que também o deixará de ser para ser um autómato biológico dos senhores do Mundo, enquanto estes não descobrirem uma robótica que substitua o resto humano, mesmo ao nível biológico, sem receio de qualquer sobressalto, num verdadeiro “Admirável Mundo Novo”.

clip_image011[4]clip_image013[4]

Ignorar isto e ficar a pensar no teatro como coisa isolada da realidade no seu todo, não me parece o mais apropriado – nem útil ou necessário para o próprio teatro – num tempo em que estamos a dois passos do maior holocausto de sempre. Seja hoje de máscara sorridente no rosto em democrática escolha de mais do mesmo, ou amanhã metendo-nos em campos de concentração que prendam e abatam os corpos, depois de abatidas e mortas, as consciências e a emancipação da própria autoconsciênca, justamente através desta teatralidade da mentira.

Castro Guedes, Encenador

Director Artístico de Dogma 12

Publicado no Quinzenário “As Artes Entre As Letras”

quinta-feira, 3 de abril de 2014

DIAS MUNDIAIS E O MUNDO DIA A DIA

 

clip_image001 clip_image002

Os “dias mundiais” podem ter servido para fazer uma chamada de atenção, a seu tempo justificada, para analisar, revindicar ou comemorar uma efeméride. Mas há momentos e dias completamente desvalorizados, pois são tantos e todos em cada ano como os de santas e santos no calendário litúrgico. 27 de Março, consignado pelo Instituto Internacional do Teatro (Unesco) em 1961, como certamente, no plano meramente subjectivo há-de ter um outro significado especial: data de aniversário ou morte, casamento ou divórcio, despedimento ou primeiro dia de trabalho, vitória ou derrota do clube de coração, baptismo, conclusão de ciclo de estudos… OU, quiçá, o primeiro dia em que o Senhor Fulano começou a andar de triciclo. Para já não falar do pobre 21 de Março, que sendo o Equinócio da Primavera (agora passou para dia 20) e como tal assinalado, que ajuda mesmo a interpretações antropológicas, é o Dia da Árvore e o Dia do Teatro de Amadores em Portugal, mai-lo Dia da Poesia, ainda precedido, a 19 do mesmo mês, de Dia do Pai, resultando de ser o Dia de São José e do Dia Internacional da Mulher a 8, também Dia de São João de Deus no Calendário Litúrgico Católico. E a coisa repete-se pelo ano fora, que não sei se esta alguma data livre para se comemorar singularmente o Dia Mundial do Nada… Talvez a 29 de Fevereiro ou mesmo 30 do mesmo mês!

Portanto, não sendo “contra” os “dias mundiais” sem mais, sou crítico da sua inflação e banalização, do seu esvaziamento ou total arbitrariedade para a escolha da data de muitos deles, dou-me a pensar nos dias mundiais do não-teatro, nos dias mundiais para as mulheres subalternizadas, nos dias mundiais de trabalhadores sobre-explorados, nos das mundiais de abate de arvores, nos dias de santas e santos profanados em “devoção beata”, nos dia dos velhos descartáveis, nos dia das crianças abandonadas, nos dias de fome para milhões…

clip_image003 clip_image005

Por isso, se em 27 de Março não for ao teatro e se os grupos e companhias não abrirem as portas à entrada gratuita, mas habituar-se a ir indo ao longo dos demais dia do ano, pagando seu bilhete, tal como ao longo do ano no seu todo, se lembrar da dança, da ópera, do cinema, dos museus, das exposições e de ler um livro, por exemplo, gratifico-me muito mais com isso. Se nunca fizer nenhuma destas coisas ou as guardar só como evento social, suponho que é de uma vacuidade total. Aliás, na minha opinião, tal como as Capitais Europeias da Cultura ou outros eventos isolados na vez de uma continuidade estruturante e estratégica para essa mesma cultura, que dispensa o C maiúsculo em abertura solene de smoking ou de jeans de fashion, mas sempre em ‘socialday’s intelectuallight’.

clip_image006clip_image008

Tal como o mafarrico esfrega as mãos de contente ao ver as noivas de Santo António a casarem pelos electrodomésticos e não por qualquer Fé em São Francisco de Assis e da leitura que emprestou ao Cristianismo (de que o actual Papa, proveniente de um outro ramo da família Católica, a Jesuíta), naquele que também é o dia da morte de Fernando Pessoa, também a ignorância e o desprezo pelo teatro demonstrado e reafirmado em tempos de poderes obscuros – hoje com a hidra de um neonazismo sofisticado e filho do alto capital financeiro especulativo – se travestizam no dia de hoje, para o matarem melhor no restante ano: espécie de réplica da coisa da Democracia endeusada, através do voto para legitimar a ausência de democratização económica, social, do conhecimento e, agora até do direito ao trabalho, à saúde e à dignidade humana, que é o que permite a anulação do significado real do voto por pessoas sem noção dos seus direitos e interesses, sem alfabetização cidadã, sem qualquer noção do que e ou não é o voto que fazem ou não fazem.

clip_image009clip_image010

Desse “Teatro” é que se dispensa todo-os-dias!...

Castro Guedes

Encenador e Director Artístico de Dogma12

Artigo publicado na revista virtual “In.Comunidades”

quarta-feira, 2 de abril de 2014

ELES “ANDEM “AÍ… AI “ANDEM, ANDEM”!

Apresentação1image 

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL “PÚBLICO” A 27/03/2014: vê, comenta, acrescenta, discorda…

TEATRO E RELIGIÃO: HUMANIDADES

Uma reflexão-pergunta no Dia Mundial do Teatro

Ao comemorar-se hoje o Dia Mundial do Teatro, julgo que não será preciso lembrar e reproduzir o que está dado como adquirido sobre a íntima ligação milenar do teatro às religiões. Não apenas no berço greco-latino, ligado às sagrações a Dionísios e a Baco, ou no seu ressurgimento na Idade Média através da Igreja Católica, mas indo até outros Continentes, como o teatro de sombras em Bali, na Ásia (anterior ao apogeu da civilização da Grécia Antiga) ou mesmo nas raízes de ritos e danças teatralizados em África e na América pré-colonizações.

Nem sempre eles conviveram bem entre si, mas souberam ultrapassá-lo e hoje, da parte da Igreja Católica há mesmo um apelo à confluência de práticas e troca de ideias. A convocatória de artistas para o diálogo na Capela Sistina, ainda com Bento XVI, comprova-o, tendo, mesmo em Portugal, sido replicada pelo então Bispo do Porto, hoje Cardeal Patriarca, num encontro para onde tive a honra de ser convidado e em que participei. Aliás, se olharmos atentamente para o conceito evangelizador de Francisco I, trazendo o carácter da missão terrena do Cristianismo para um apelo a um novo e empenhado Humanismo, ainda mais concreta se faz o que foi ideia. Em tempos de hedonismo descartável, ausência de solidariedade e compaixão, carácter utilitário da Pessoa Humana reduzida à condição da materialidade produção/consumo, ignorada na sua Espiritualidade, encontramos na marca do novo Papa o prolongamento aprofundado dessa confluência das artes com a Espiritualidade, na beleza e na expressão de sentimentos e pensamentos. Ou, recuando, em tal se inclui o diálogo ecuménico, reaberto com João XXIII e retomado por João Paulo II, extensível à discussão benigna com ateus, por parte da Igreja Católica; ou também os encontros do Dalai Lama com cientistas ocidentais para perceber o que o Homem substantiva e essencialmente é.

O Homem, ponte e veículo destas aproximações entre religião e artes - na sua dimensão/observação de índole metafísica e religiosa, na teologia ou no estudo antropológico e da própria etologia, na dimensão psicológica ou sociológica – está no epicentro de todas as Humanidades, tal como estas são o sol dos planetas culturais, se assim se pode dizer.

Por isso, a questão que aqui me traz hoje, neste dia, não é tanto coisa específica do teatro, mas do teatro nesse contexto. A minha perplexidade já não incide sobre as políticas culturais, ou sua ausência. O que me obriga a uma reflexão-pergunta é um acontecimento recente, que passou bastante ao lado para a relevância que tem, apesar de parecer anedótico. E preocupante porque mesmo o responsável máximo da governação, presente no acontecimento, nem uma palavra de “rectificação” fez.

Refiro-me a afirmações de um putativo candidato a primeiro-ministro, porque membro de uma “jota partidária” e é deste caldo que eles têm saído, cada vez com mais frequência, piorando de sucessores para sucessores as incompetências políticas, técnicas, científicas, éticas, ideológicas, culturais, de sensibilidade social e mesmo de conhecimento da realidade real. A afirmação desse rapazelho, de que o ensino obrigatório deveria baixar ao 6º ano de escolaridade e desse poderia (mesmo a nível superior) ser excluído o estudo das Humanidades, por serem “inúteis”, é, por si mesma, geradora de pânico. Mas se a isso acrescentarmos um matemático competente (embora a matemática para o vulgo seja, disparatadamente, uma igual inutilidade e uma “chatice” para os alunos), quando feito Ministro da Educação, a dizer que, para ele, as Ciências da Educação estão ao nível das ciências ocultas (!), a questão adquire outra seriedade, obrigando a reflectir-perguntar se é o mesmo que pensam da religião e porque o não dizem, ou se a poupam apenas na intenção de substituir o conceito de Santíssima Trindade por Deus-Mercado, Deus-Sector Financeiro e a Sobreexploração Santa!

Aterroriza este paganismo, lembrando o das cruzes suásticas, poder militarizado, com guetos judeus e igrejas incendiados em Varsóvia, que provocaram o início da 2ª Guerra Mundial. Não que esse terrorismo de Estado se tenha consumado totalmente, mas barbaridades destas indiciam-no em forma larvar. Incomodam-lhe as Humanidades porque a Religião coloca valores acima do utilitário, as Artes despoletam sensibilidades, a Filosofia faz pensar, a História traz memória, as Línguas permitem comunicação com outros povos, a Psicologia questiona-se sobre a mente e os comportamentos da Pessoa e não do indivíduo, a Sociologia trata do socialmente activo e não do indivíduo isolado, as Ciências da Educação contribuem para potenciar e compreender a aquisição e transmissão de conhecimentos, etc., etc., etc..

É que tudo isto, as disciplinas das Humanidades, como no étimo da palavra religião, é onde reside o carácter de re-ligare a Humanidade em comunidade.

Castro Guedes, Encenador

Director Artístico de Dogma 12

terça-feira, 1 de abril de 2014

“ O ACTOR É UM PEIXE” (Herberto Hélder)

imageimage

 

“PELA BOCA MORRE O PEIXE”

Pela boca morre o peixe… mas tanto no sentido de comer (em sentido literal ou figurado) demasiado, como, diremos nós, na inversa: peixe sem ter de comer morre.

Ora, dogma 12 não conta com qualquer tipo de apoio estatal, nem se sujeita a ser “avaliado” por um “júri” ignorante da realidade, incapaz na compreensão dos interesses e prioridades das artes cénicas, dependente de lóbis e decisões políticas a montante, ao caso agravadas por um desgoverno patricida e carrasco da vida de largos sectores da população.

E assim sendo, tem de lançar mão de formas de solidariedade activa, como foi a opd (ver: Oferta Pública de Doações) para fazer “hotel bilderberg”. Uma delas existe e está no terreno, tão ou mais importante que a outra: o imenso capital humano dos membros do gap (ver: GAP ) e do estímulo com que as peças têm sido acolhidas, quer pelo público, quer por grupos companheiros e outras organizações em parcerias logísticas.

Mas como não basta, resolvemos lançar uma acção de crowdfunding* (crowdfunding (ou financiamento colaborativo) é uma forma simples e transparente de angariação de fundos para um projecto através de uma comunidade online que partilha os mesmos interesses.) para muito breve, com o fito de reunir um valor mínimo necessário para remontar “três mulheres em torno de um piano”, ainda antes de produzir de raiz “longa é a noite para acordar”. vamos precisar de “financiadores”, claro, mas também de uma vasta divulgação, onde o esforço individual e mais pequeno de cada um por si, vale, quando associadas as partes, um todo superior ao mero somatório.

Vem connosco, acompanha-nos! Ajuda-nos nesta “pescaria” para salvar o peixe!...

QUEREMOS REABRIR O PANO PARA: “TRÊS MULHERES EM TORNO DE UM PIANO”

image

Três Mulheres em torno de um piano
Três Mulheres em torno de um piano