sábado, 27 de junho de 2015
sexta-feira, 19 de junho de 2015
quinta-feira, 18 de junho de 2015
sábado, 6 de junho de 2015
sábado, 30 de maio de 2015
PROCURA-SE ACTRIZ PARA DESEMPENHO
PROCURA-SE
ACTRIZ
PARA
DESEMPENHO
(SUBSTITUIÇÃO)
EM
PROCESSO DE
RECRUTAMENTO IMEDIATO,
CALENDÁRIO E CONDIÇÕES
CONFORMES AO RESPECTIVO REGULAMENTO-INFORMAÇÃO.
LIMITE DE INSCRIÇÃO: 15 DE JUNHO DE 2015.
REGULAMENTO-INFORMAÇÃO REFERENTE ÀS
CANDIDATURAS
1. dogma\12 é constituído por, e tem
formado os elencos com, profissionais de teatro. mas, dadas as circunstâncias
actuais, o trabalho, até à data, nunca foi remunerado.
1.1. deve frisar-se que a regra se
aplicou a todos.
1.2. tem sido possível este esforço
graças a apoios de terceiros, com contribuições de trabalho militante, uns (o
gap: grupo de apoio do público), voluntário outros e mesmo dádivas de bens,
onde, entre outros, se incluíram o pintor Júlio Pomar, a pintora Armanda Passos, o pintor Alberto Péssimo, o escultor José Rodrigues, o pintor Armando Alves, o cartoonista António Jorge Gonçalves e muitos outros, para fazer face a
custos de montagens e promoção.
1.3. pode dizer-se assim, com mais
rigor, que, NESTE MOMENTO, dogma\12 é um
grupo de profissionais de teatro a fazerem teatro não profissionalmente!
1.4. as razões decorrem de factos
vários, mas que em duas ou três palavras se resumem assim:
1.4.1. recusamo-nos a concorrer aos
financiamentos da Dgartes por não
reconhecer aos jurados capacidade técnica, conhecimentos artísticos (quer
teatrais, quer outros), integridade ética, honradez profissional e trabalho de
análise real dos processos dos concorrentes, para já nem falar do
desconhecimento absoluto do trabalho realizado no terreno; e muito menos ao
actual secretário de estado da cultura, com quem recusamos liminarmente manter
qualquer ponte de diálogo ou contacto, mesmo que meramente institucional.
1.4.2. achamos, no entanto, ser dever
constitucionalmente consagrado no artigo 73º, o estado, através do governo,
financiar actividades artísticas com vista à criação e à sua fruição; pelo que
não só não condenamos os que preferem submeter-se aos concursos, mesmo nestas condições
por razões que só a cada um compete julgar e, por vezes, nem é difícil de ver,
em estruturas com muitos anos e encargos contratados com terceiros,
absolutamente ponderosas.
1.4.3. nesta sequência, uma vez
alteradas as coordenadas hoje existentes e mudando o próprio titular da pasta e
os membros convidados do júri, duas condições sine qua non, admitimos concorrer
e achamo-nos não apenas no direito - e dever - de o fazer, como pensamos que
seria absurdo não virmos a ser apoiados, pelo historial, curto, mas singular,
desta estrutura, quer pelos profissionais nela envolvidos, quer o curriculum e
experiência do director artístico.
1.4.4. mesmo assim ressalvamos que se as
verbas forem tão 'ridículas' como as que hoje resultam para esses concursos,
recusaremos tal 'humilhação pública', adoptando as medidas que o momento
imponha: concorrer e recusar o montante, devolvendo-o; nem sequer concorrer;
outras que não queremos antecipar.
1.4.5. não dispomos de apoios
autárquicos porque, para já, definimo-nos como um grupo impermanente em tempo e espaço. não temos nem uma prática
continuada e contínua (nem condições para o fazer por ora), nem decidimos em
absoluto se a nossa actividade se manterá em Lisboa ou poderá vir a fixar-se
noutro concelho, e mesmo outro distrito, mediante condições de trabalho
(públicos-alvo, infra-estruturas, apoios financeiros, logísticos e
institucionais para períodos de longa duração).
1.4.5. não temos procurado apoios
mecenáticos em razão de falta de uma
estrutura organizada para isso e também pela natureza das próprias
temáticas que temos abordado. mas não há nenhuma razão, por ora, que no-lo
impeça de aceitar e procurar no futuro.
2. no caso mais concreto da reposição
das "três mulheres em torno de um piano", temos o convite para nos apresentarmos
no dia 21 de Setembro de 2015, em Matosinhos, no cine-teatro Constantino Nery,
no âmbito de uma mostra de teatro em língua portuguesa.
2.1. nesse caso, como em outros em que o
espectáculo seja 'comprado' para se representá-lo, há uma parte cativa
destinada aos actores.
2.1.1. essa parte cativa, todavia, não é
"igualitária". existem - e entendemos que devem ser reconhecidas,
mesmo em presença de valores baixos - 'carreiras' e 'mérito' a
considerar. uma coisa é o “nada” – que deve ser para todos, outra o
“algum” com naturais graus de diferenças.
2.2.2. esse valor será acertado
directamente com a(s) candidata(s), até pelo atrás exposto; mas é bom que se
saliente que não há verba para o
pagamento de ensaios.
2.2. neste caso concreto das "três
mulheres em torno de um piano", só faz, no entanto, sentido o esforço da
substituição se tivermos a garantia de outras 'compras' e/ou a realização de
uma outra carreira, uma vez que saiu prematuramente de cena em 2012 por motivos
de falta de espaços e compromissos anteriores dos intervenientes.
2.3. mas uma ‘carreira’ em Lisboa pressupõe, de novo, a inexistência de qualquer compromisso de remunerações.
2.4. essa mesma 'carreira', a acontecer,
deverá ter lugar, de forma prolongada no tempo, uma única vez por semana (às
segundas, em princípio).
2.4.1. justamente porque permite os
intervenientes garantirem outros trabalhos para a sua subsistência.
2.4.2. e porque, não tendo uma máquina
de promoção bem oleada, nem verbas significativas para a promoção, apostamos na
mobilização em rede e no passa-palavra.
3. no que se refere aos ensaios para
proceder à substituição, está previsto o seguinte calendário:
3.1. a selecção da actriz deverá estar
concluída até 5 de julho de 2015, sendo antecedida de uma fase de pré-selecção.
ESTA QUE ABRE AGORA E DE IMEDIATO.
3.2. o período de inscrição decorrerá DESDE JÁ E ATÉ AO LIMITE DE 15 DE JUNHO às
24h00 de 2015.
3.2.1. a inscrição é obrigatoriamente
feita mediante envio de e-mail para dogma12.estudio@gmail.com com os seguintes itens:
ASSUNTO: Candidatura “Três Mulheres”.
CORPO DE TEXTO:
a) nome completo.
b) nome artístico.
c) data de nascimento.
d) contactos (e-mail e telefone ou
telemóvel).
e) nº de bi, cc ou passaporte com data
de emissão e/ou validade.
f) copypast integral deste
regulamento-informação com referência explícita no final: “li e concordo com as condições propostas neste regulamento-informação,
embora reservando-me o direito de aceitar ou não a selecção final”.
g) anexo de, pelo menos, uma fotografia
de corpo inteiro (ou em plano americano) e outra de rosto em posição frontal ou
a ¾.
3.2.2. a 'pré-selecção' das inscrições
far-se-á mediante entrevista, a poder decorrer no espaço de 48 após a recepção
da inscrição, em dia e horário de acordo com as duas partes e suas
disponibilidades, tendo como limite o dia 22 de Junho de 2015.
3.3.3. para a selecção final pedir-se-à
às candidatas pré-seleccionadas que realizem alguns testes, a partir de
pequenas mostras de trabalho com base na obra em causa, entre e após a primeira
entrevista e o dia 4 de Julho de 2015.
3.3.4. a selecção final será confirmada
até ao dia 7 de Julho de 2015.
3.3. os ensaios decorrerão:
a) dois ensaios de mesa em Julho, em Lisboa, sendo o primeiro no dia 8 de Julho de 2015 e o segundo em data a
marcar, até ao limite de 27 de Julho de 2015 para sua realização.
b) os ensaios de palco com todo o
elenco, ou por cenas, decorrerão entre 17 e 31 de Agosto, em horários ainda por
determinar, em Lisboa, em períodos máximos de 90 horas no total, com pelo menos
um dia de folga entre estas datas e nunca ultrapassando em caso algum as 8
horas no mesmo dia e cumulativamente as 14 horas em dois dias seguidos.
b-1) o texto deverá estar integralmente
‘apontado’ até 17 de Agosto de 2015 e ‘memorizado na íntegra e em acção’ até ao
limite de 25 de Agosto de 2015.
c) os ensaios, nas mesmas condições em Setembro,
em Lisboa, estão previstos até 19 de Setembro de 2015, no limite de 4 ensaios
de duração máxima de 6 horas cada.
d) pode haver ensaios de apoio e apuro
parcial e/ou individual durante os mesmos períodos, dentro das premissas do
máximo de horas.
e) a deslocação para Matosinhos (garantida por dogma\12, bem como a instalação) ocorrerá no dia 19 ou 20 de
Setembro de 2015.
f) os ensaios no local estão previstos
para 20 e 21 de Setembro de 2015.
g) a apresentação terá lugar no dia 21
de Setembro de 2015.
h) o regresso prevê-se para o dia
seguinte.
i) outros calendários serão feitos
posteriormente.
g) é rigorosamente proibida, durante os
períodos de ensaio e apresentações, bem como nos espaços a estas destinados, a
ingestão ou manifestação de ingestão prévia, de quaisquer substâncias, naturais
e/ou químicas, que alterem o comportamento em estado de consciência alterada.
PS: PARA EXTRAIR O
CONTEÚDO INTEGRAL DESTA INFORMAÇÃO, basta seleccionar o texto e copiar.
EM TODOS OS
CASOS AGRADECEMOS A SUA MÁXIMA DIVULGAÇÃO.
quinta-feira, 7 de maio de 2015
Mr. Guantanamero e as suas Gémeas Queridas
3 e 4 de Julho às 21,30, e dia 5 às 17h
AUDITÓRIO DA “LER DEVAGAR”
terça-feira, 31 de março de 2015
domingo, 22 de março de 2015
MAIS INFORMAÇÕES PARA FIGURAÇÕES ESPECIAIS
UM
HOMEM 20 a 35 ANOS
porte
não encorpado, entre 1,75 e 1,85 m
DUAS
MULHERES, 18* A 25 ANOS
porte físico não relevante
EXCEPCIONLMENTE PARA ESTA
PRODUÇÃO PODEM VIR A SER CONSIDERADAS INSCRIÇÕES DE JOVENS FEMININAS COM IDADE
A PARTIR DOS 15 ANOS, QUE FREQUENTEM ESCOLAS PÚBLICAS OU PRIVADAS COM
RECONHECIMENTO ESTATAL, DE TEATRO OU OUTRAS ÁREAS CÉNICAS E MEDIANTE
APRESENTAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO ESPECÍFICA DOS RESPONSÁVEIS PELA TUTELA DOS MENORES
ACOMPANHADA DE IDÊNTICO DOCUMENTO DA ESCOLA QUE FREQUENTAM.
DATA
LIMITE PARA INSCRIÇÕES: 20H00 DE 24 DE ABRIL DE 20H00
ENVIAR MAIL
COM NOME, CONTACTOS, FORMAÇÃO ACADÉMICA E EXPERIÊNCIA TEATRAL PARA
AUDIÇÕES
PREVISTAS PARA 28 DE ABRIL DE 2015 A PARTIR DAS 14H00 NA ACT – ESCOLA DE
ACTORES, NA LXFACORY, ALCÂNTARA. COM TEXTO A FORNECER APÓS INSCRIÇÕES. ESTE
TEXTO DEVE ESTAR MEMORIZADO E OS RESUTADOS SERÃO COMUNICADOS POR MAIL ATÉ AO
DIA 02 DE MAIO. OS SELECCIONADOS SERÃO INFORMADOS DE HORÁRIOS E DATAS DE ENSAIO.
AS
CONDIÇÔES EM DETALHE SERÃO DADAS NA PRÓPRIA AUDIÇÃO. TODAVIA INFORMA-SE QUE
NESTA PRODUÇÃO NÃO HÁ LUGAR A QUALQUER TIPO DE REMUNERAÇÃO OU SUBSÍDIOS DE
TRANSPORTE OU OUTROS: NÃO EXCLUSIVAMENTE PARA AS FIGURAÇÕES, MAS PARA TODO O
ELENCO E DEMAIS INTERVENIENTES. SALVO EM CASO DE POSTERIORES DESLOCAÇÕES.
os ensaios previstos
para as figurações não deverão ser superiores a um total de 12 horas,
distribuídas pelo período de 15 dias que antecede a estreia. as sessões estão
previstas, nesta série, para o auditório da livraria “ler devagar” na
lxfactory, em lisboa, alcântara, no limite de 12 de maio a 30 de junho
alternando terças e quartas, com o horário a público de 19h00 e presença
obrigatória dos actores com um mínimo de 40 minutos antes. a duração do
espectáculo está calculada entre 75 e 90 minutos.
Mais informações sobre
dogma\12 e esta produção, a partir de 22 de março em http://estúdiodogma12.blogspot.pt/
sexta-feira, 20 de março de 2015
AUDIÇÕES FIGURAÇÕES ESPECIAIS
UM
HOMEM 20 a 35 ANOS
porte
não encorpado, entre 1,75 e 1,85 m
+
DUAS
MULHERES, 18 A 25 ANOS
porte físico não relevante
INSCRIÇÕES E MAIS INFORMAÇÕES ATRAVÉS DE
ENVIO DE NOME, CONTACTOS, IDADE, FORMAÇÃO ACADÉMICA E EXPERIÊNCIA TEATRAL
RESUMIDA PARA
DATA LIMITE
PARA INSCRIÇÕES: 20H00 DE 24 DE ABRIL DE 2015
quinta-feira, 19 de março de 2015
Mr. Guantanamero e as suas Gémeas Queridas
A PARTIR DE 12 DE MAIO (a confirmar data):
LXFACTORY, LISBOA
AUDITÓRIO DA “LER DEVAGAR”
TERÇAS E QUARTAS, ALTERNADAMENTE, SEMPRE
ÀS 19H00.
Interpretação de Fernando Soares
Texto e Encenação de Castro Guedes
Figuração em Distribuição
Uma Palestríade Teatrale de alto
suspense em corpus sano in mens insana.
Ai o desejo de ir vareidar para Cuba
por causa dos ossinhos do pai, que parecia um porco cevado no desembarque. Ai o
irmão pendurado no antepenúltimo avião fugido de Saigão, depois feito Amish na
Pensilvânia após vender os isqueiros zippo que atirava acesos à cabeça dos
chinocas em Chinatown. Ai a Mamita, muito amiga de Felinguetti e Ginsberg a ler
poemas para adormecer os filhos. Coitadinha, marxrtingou-se na Shell, mas sempre muito muito coerentânea com as
conchas. Mas ai, ai, ai… Ai sobretudo as suas gémeas queridas! Nem pode falar
nelas, que chora: igualinhas... E
mesmo assim vive dilacerado sem saber se tortura de dia para o Zorro 384, seu
nickname, poder denunciar as barbaridades à noite no Facebook ou se o Zorro 384
serve para aliviar as barbaridades que comete para os escondidinhos dizerem o
que necessário que digam.
Cerca de 75 minutos, em acto único, para
maiores de 16 anos
Em busca de um teatro da autoconsciência emancipada, com muitas
perguntas, sem respostas ou receitas para impingir,
onde os paradoxos denunciam a
ambiguidade de uma sociedade ideologicamente contaminada, sem rumo certo, nem incerto, mas, ainda assim, capaz
de se indignar com a tortura e outras aberrações inaceitáveis, sejam elas
perpetradas por grupos terroristas ou o terrorismo
de Estado.
Fernando
Soares iniciou-se como amador em 1984, tendo percorrido uma longa carreira até
decidir transformá-la em profissão, a partir de 2004. Licenciou-se então pela
Escola Superior Artística, do Porto, em 2011. Integrando, com carácter de
free-lancer, diversas produções em vários grupos do Norte, mantém os seus
próprio projecto, a partir de Penafiel, com grande incidência quer na área da
Poesia e para o Público Escolar. Antes já leccionara a disciplina de Expressão
Dramática
no Ensino Oficial e merece ainda destaque o trabalho teatral realizado com
reclusos penitenciários durante 6 anos.
Castro
Guedes, natural do Porto, 1954, estreou-se como actor amador em 1967 e
profissional em 1973. Como encenador a sua primeira experiência data ainda de
1972, assinando profissionalmente a primeira em finais de 1977. Fundador e
Director Artístico do Tear, passou por diversas estruturas do país como
encenador convidado e assumiu também a Direcção Artística de algumas outras
estruturas. No total terá dirigido perto de 1.000 intérpretes em mais de uma
centena de obras. Na temporada 88/89 foi estagiário de Jorge Lavelli no Théâtre
National de La Colline. É Mestre em Artes Cénicas pela Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e, antes, frequentou Filosofia
e Direito. De muitas outras actividades no âmbito da formação, direcção e
participação em organismos culturais, destaca-se presentemente a colaboração regular
no Jornal “Público” e no quinzenário “As Artes Entre As Letras”. Além,
evidentemente, da fundação e Direcção Artística de Dogma\12.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
A arte no labirinto contemporâneo
CASTRO GUEDES
06/01/2015 - 05:54
OPINIÃO
Na verdade estamos todos presos num
imenso labirinto! Em que também a arte está enredada, quando se propõe assumir
um papel de consciência crítica.
Até ao último quarto do século passado, o
posicionamento pensante do criador perante o mundo era relativamente
dicotómico. Ou se afastava das problemáticas sociais, existenciais e humanas ou
as abraçava.
Normalmente, neste caso,
identificando-se num "grupo": político, ideológico, ético, estético,
religioso. Não de forma necessariamente antinómica, mas, de qualquer forma,
antecipando a síntese à equação dialéctica. Isto é: a formulação da tese e da
antítese era construída – ou melhor dito, apresentada – de tal forma que a
síntese estivesse supostamente já demonstrada como resultado, quando, afinal,
era tese.
De tal forma a coisa era que, apesar das
intermináveis polémicas, sobretudo à esquerda, a contiguidade entre uma
"arte" de propaganda e uma arte de crítica social era tão forte que
não é difícil encontrar em criadores teoricamente defensores da segunda
exemplificações de grande proximidade ou de mergulho na primeira. É, por
exemplo, o caso de vário teatro (1) de Brecht, em que o organon sobre
o que o próprio apelidou de teatro épico se lhe escapa em obras como As
Espingardas da Mãe Carrar ou Os Dias da Comuna ou
mesmo a mais consistente Terror e Miséria no III Reich, que, em
nome do historicismo documental, mais são elementos de catequese. Ou mesmo,
mais remota e hibridamente, em A Mãe, Santa Joana dos
Matadouros ou A Excepção e a Regra, por exemplo. Para já
não falar de simplificações, algo medíocres, como O Que Diz Sim e o Que
Diz Não. São obras que nada têm que ver com a complexidade e reflexão
em aberto, pré-anúncio do conceito de Rancière de “espectador emancipado”, de
uma Mãe Coragem, O Círculo de Giz Caucasiano, A
Boa Alma de Setzuan e outras, tendo como paradigma maior A
Vida de Galileu Galilei.
De certa forma neste mesmo autor, mas
ainda mais em outros e de estilos diferenciados, como Sartre, Sastre ou
Osborne, a abordagem dialógica e/ou de dialéctica irresolúvel fugia dessa zona
raiana de dramaturgias, visivelmente "classificável" como de
crítica social, apenas excluída daí pela ortodoxia de um “realismo socialista”.
Porém, se nem tudo era, nem nunca foi, a preto e branco, pode-se dizer que, se
azuis, entre o azul-escuro e o azul-bebé era fácil distinguir. Nada disso é
comparável com a complexidade, em todas as áreas, em que se vive hoje, numa
mitigação de conceitos e temas e numa contaminação de estéticas e éticas de
difícil fronteira. Na verdade, estamos todos presos num imenso labirinto! Em
que também a arte está enredada, quando se propõe assumir um papel de
consciência crítica, sem ser de propaganda ou de temas marginais, arriscando-se
a ser nanominoritária. A inércia do pensamento é transversal: poucos são os que
se querem confrontar com a própria realidade em toda a sua dimensão e
consequências. A começar pela que hoje é central: a subjectiva implicante da
acção objectiva, implicada na (in)consciência colectiva. A responsabilização do
outro é uma panaceia para desresponsabilizar o próprio.
Perante tal cenário, se ceder ao ar de
época é capitular e perpetuar o padrão, ignorá-lo traz isolamento. Além de que
o "agit-prop" contemporâneo é mais um "agir-pop",
completamente inconsequente e maioritariamente impregnado da mais ínfima
qualidade conceptual e técnica. O próprio conteúdo é formal, além de muito mau
é inconsequente, porque nada acrescenta no final ao com que se iniciou a
assistir ao objecto artístico. Portanto, forma e conteúdo – mais ainda do que
tratados à luz de Lukács, antes em termos absolutamente inéditos e, quando
muito, herdeiros de Gramsci ou adivinhados, de forma indirecta, por Benjamin e
Fisher – revertem num exorcismo fechado, espécie de psicotrópico ideológico e
criatividade nula.
Ainda que uma resposta a uma nova
situação se faça por tentativa e erro, parece incontornável começar por assumir
o impasse e, percorrendo o labirinto, aceitar que só chegue a 500 ou 300 ou 100
espectadores! É melhor agregar à reflexão despreconceituosa (e até autocrítica
não folclórica, mas silenciosa) esses – que a podem amplificar mesmo fora
do âmbito da fruição artística ou do "grande gesto" – a obter aplauso
entusiasmado de 5000 ou 30.000, que seja, ou 100.000 que fosse, que se
"limitam" a "confirmar" as suas posições, perpetuando, por
afastamento, a inércia dos demais e os vícios de si mesmos e suas jeremiadas,
sem se ter operado transformação nenhuma sobre o conhecimento sequer do
próprio.
Singular, a desafiar o impossível, um
novo Teseu, para penetrar na Cnossos deste Minotauro, tem de aceitar o
labirinto como caminho inevitável. E se não conseguir encontrar a saída, pode
repetir com Apolinário: “Mas que me fique ao menos a consciência, de que tentei
romper esta muralha”: [https://www.youtube.com/watch?v=HhAGYFIhrO4 ].
1) Exemplifico com teatro tão-só por ser a minha área e, consequentemente, a que me permite argumentar com mais conhecimento de causa. Mas não duvido de que, mais nuance, menos nuance, é aplicável a todas as outras.
Encenador, director artístico de
Dogma\12
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